Praticando o desapego

Minha cidade natal, Barra Bonita, fica às margens do Rio Tietê e tem uma represa. Rolava uma lenda quando eu era pequena que, caso as barragens rompessem, a água chegaria a uma marca que tem na cruz da igreja. O único detalhe: minha casa fica abaixo dessa marca. Eu e minha irmã passávamos horas pensando o que levaríamos caso a barragem rompesse... As bonecas preferidas, os albuns de fotografia, os LPs (velha, né?).

Isso tudo pra dizer que a brincadeira vem se repetindo na minha vida desde que soubemos da mudança. Só que agora é coisa séria. Tomamos a decisão de não fazer uma mudança completa, já que achamos que nossos móveis não se encaixariam em qualquer casa que viessemos a alugar. Optamos então por vender/dar o que temos e comprar coisas novas em nosso destino final. E o que queremos carregar (fotos, cds, dvds etc. etc. etc.) vai nas nossas malas. Gente, é um processo profundo de desapego! Você ja imaginou toda a vida da sua familia caber em 16 malas? Loucura!

É um tal de "minha mãe mandou eu escolher esse daqui..." que não tem fim... E é impressionante como um bebezinho de quatro meses acumula coisas. Engraçado que tem sido fácil me livrar das minhas coisas, mas é impossível limar muitas das coisas da Lara.... A lembrança ainda é tão recente que acabou que as malas delas são em maior quantidade que as minhas (culpa da mãe, que acha que ela precisa de bichinhos, roupinhas e brinquedinhos pra ser feliz!).

Mas no fim das contas o processo é revitalizador! Até agora, minha maior vivência daquilo que a gente sempre fala: que as coisas materiais a gente compra de novo, não são importantes. O que importa são as lembranças e essas estão devidamente empacotadas com destino a Inglaterra. :)

Ah, faltam 12 dias!